E vamos a mais um #momentobiscoitos. O de hoje eu já tinha pensado no exato dia que pensei em começar essa saga/projeto. Débora é aquela pessoa que é impossível não querer por perto. Ela se descreve como: Mestranda em Inovação em Tecnologias Educacionais, bacharelanda em TI, licenciada em Letras Inglês, técnica em Informática e Redes de Computadores. A teacher que toca violão na escola. A da PyLadies. A que é professora de Inglês mas estuda tecnologia.
Pessoalmente eu diria que não existe bio suficiente para descrever o quanto essa mulher faz tudo, tem energia pra tudo e ainda sobra tempo pra cultivar amizades e cantar umas músicas (ela é uma das poucas pessoas que me atende quando peço para tocar Calcinha Preta). Pois bem, que vocês também conheçam (se já não conhecem) Debs e depositem na conta dela todos os biscoitos do mundo.
1. Acho que muita gente que me conhece e te conhece tem esse conhecimento todo por causa da PyLadies. Mas e aí? Débora fora da PyLadies é quem?
Nossa, que pergunta hein hihi. Será se tem muito pra falar de mim além da comunidade? Bem, eu sou professora né? Vi isso muito na minha mãe, que também era professora (e que por isso, por saber das dificuldades, muito me questionou quando decidi fazer isso da vida). Já dei aula pra criança de 1 ano, e até +60 anos. Tenho experiência desde o ensino infantil até o EJA. Amo o que faço e, sinceramente, não me vejo fazendo outra coisa em um futuro próximo (talvez dar aula de outra coisa, mais ainda assim, dar aula). Sou muito feliz de poder perceber as formas como o ser humano aprende, desde pequenininho até pessoas mais velhas. Sinto que ensinar é minha forma de deixar minha marca no mundo, sabe? Fui marcada por muitos professores e isso me inspira pra fazer o mesmo para os meus alunos. Saí de uma cidade do interior do Rio Grande do Norte, Florânia, que tem uns 9 mil habitantes, para capital, estudar Letras Inglês e tentar algo na vida, com 17 anos. Sou uma pessoa com experiências frustradas em TI, e hoje construo algumas outras, algumas tão frustrantes quanto, outras menos. Sou muito insegura com MUITA coisa, risos. Toco violão não muito bem, gosto de cantar e fazer covers com versões simplificadas de músicas com acordes complicados. Escrevia poesia quando criança, era uma leitora voraz. Hoje, intercalo uma leitura literária com os livros e artigos que preciso ler para o mestrado. Tenho vontade de aprender a bordar e fazer umas coisas bonitas. Sou biscoiteira de mão-cheia (amo fazer biscoito!). Bem esporadicamente escrevo no meu blog.
2. Mas falando de PyLadies, eu acho lindo o teu empenho com a comunidade. O que a PyLadies significa para você? Quais os momentos marcantes você já teve com ela e o que mais você espera da comunidade?
A PyLadies mudou a minha vida. E isso não é NENHUM eufemismo. Existe uma Débora antes da PyLadies, outra depois. A PyLadies me levou a ocupar lugares que eu NUNCA pensei que iria chegar. Participar da PyLadies significa estar num lugar SEGURO para conversar sobre os meus anseios, medos e aspirações para o futuro. É uma comunidade que me trouxe AMIGAS, algumas que vejo duas vezes por ano, outras que vejo uma vez, e nem por isso o carinho diminui, pelo contrário, só aumenta.
Sobre momentos marcantes da PyLadies pra mim, quero citar dois, sendo o primeiro 2018 (sim, um ano hahahaha). 2018 foi um ano LOKO, que eu tomei a responsabilidade de organizar a primeira PyLadies BR Conf e a campanha de financiamento coletivo para levar PyLadies para a Python Brasil, que em 2018 foi em Natal (e eu também tava organizando a PyBR, risos, junto do DG hahaha) Falar da PyLadies BR Conf é falar de um evento que nasceu no coração da PyLadies Brasil, no final de 2017, na primeira assembleia da PyLadies Brasil. Fui a “big kahuna” da primeira edição, que aconteceu aqui em Natal. Foi um trabalho árduo e, algumas vezes, solitário. Mas quando vejo as fotos, relembro de tudo que aconteceu, quando vejo meu copo, o bloquinho da PyLadies BR Conf… O malabarismo que foi pra arrumar tudo, conversar com fornecedor, receber camisa, copo, brinde… Sou muito grata por quem apareceu pra ajudar, quem esteve lá, cada participante e palestrante, cada uma marcou um pouquinho no meu coração por estar presente num momento tão realizador pra mim, pessoalmente, e pra comunidade.
Já o segundo momento que queria falar sobre, foi ser keynote da Python Brasil. Lembro que quando recebi o convite, não consegui dormir rsrsrs. E fiquei me perguntando o que danado fez alguém pensar em mim pra esse papel? Depois de muito refletir no que eu falaria, e no que eu tinha a acrescentar pras pessoas que estariam lá me ouvindo, resolvi falar da minha trajetória, onde fui por duas estradas (Letras e TI), das pedras que encontrei no meio do caminho (alô Carlos Drummond de Andrade), e com isso, fui falando de comunidade, identidade e liderança (esse foi o título da minha palestra haha). A minha noção do que é comunidade, o meu identificar e pertencer a uma comunidade, o ser líder em uma comunidade, tudo isso veio com a PyLadies, foi moldado por estar nessa comunidade. E o ensaio pra apresentar essa palestra na PyLadies house teve uma emoção mais que especial. <3
É por isso que não é eufemismo dizer que sou outra Débora depois da PyLadies. A PyLadies, por fim, me uniu com mulheres do país, do mundo, mas acho que mais que isso, me uniu comigo mesma. O que eu espero é que mais mulheres entrem nessa comunidade e de fato se vejam nela como hoje me vejo. Que ocupem o lugar que é delas, que se empoderem disso. Essa ocupação, esse sentimento de pertencimento, muda totalmente como nos vemos, muda a visão que temos do nosso papel no mundo.
3. Para os biscoiters que amam uma música, saibam que Debs é a mulher do violão na rodinha dos amigos. Como aprendesse a tocar? Sabe ou quer saber mais?
Então, eu toco violão, mas na verdade eu acho que mais canto do que toco haha. Desde pequenininha eu cantava na igreja, mas tocar instrumento musical não. Comecei a aprender (porque tô sempre aprendendo muita coisa que não sei) na época do Ensino Médio, no IFRN. Meu grupo de amigos era todo musical, então todo mundo tocava algum instrumento ou cantava. Nossos encontros no fim de semana, quando aconteciam, sempre tinham vaaaaaários violões juntos, microfones e jogos de cartas/tabuleiro. Eu sempre fui a garota da música pop (risos), e meus amigos já não eram tão fãs como eu. Assim, eu surrupiava o violão deles e via as cifras, tentava fazer as notas, achar o ritmo, e assim foi. Eu ia para um lugar mais afastado na escola para treinar, porque antes de saber o básico eu era beeeeem ruinzinha haha. Com o tempo e treino fui melhorando, mas não sou muito bom hahaha. Basicamente aprendi a tocar violão pra poder me acompanhar, tocando as músicas que eu tinha vontade de cantar. Até hoje faço isso, e de vez em quando meu irmão toca umas músicas pra eu cantar também. Pra quem me segue no Instagram, de vez em quando apareço tocando um violão desafinado e cantando (não desafinada como o violão hihi).
4. Como é ser “a professora de inglês da TI”? Isso já te causou alguma coisa menor que orgulho? (Porque, sinceramente, dona Débora tem que ser toda trabalhada no enaltecimento e orgulho.) Engraçado tu falar em orgulho, porque esse foi um sentimento que por muuuuuuuito tempo não senti, rs. Alguns anos atrás, eu fazia dois cursos ao mesmo tempo: graduação em Letras Inglês e técnico em Redes de Computadores. Lembro de que uma vez, no IF que estudei, fui fazer uma pesquisa sobre o conhecimento de inglês dos alunos do curso de Redes, porque foi algo que resolvi fazer dentro do curso de Letras (tava pesquisando sobre Inglês Técnico na época, e dentro disso precisava fazer uma análise de necessidades). Não lembro com quem estava conversando, mas alguém, por conta dessa pesquisa, descobriu que eu fazia Letras também. De repente, essa pessoa vira e simplesmente me pergunta “o que você tá fazendo aqui?”, questionando o fato de eu estar fazendo Letras e Redes. Isso foi em 2012, e essa não foi a primeira vez - nem a última vez - que me perguntaram isso.
Esse acontecimento foi há 8 anos atrás, e você acha que muita coisa mudou? Ano passado mesmo, num evento famoso de Python, estávamos numa roda de conversa e falamos sobre trabalho.. Depois de muito trabalho interno, me senti confortável e falei sobre o que faço…. E um cara pergunta: ah, então o que é que você tá fazendo aqui? O cara sabia quem eu era, o que eu fazia na comunidade, e mesmo assim acabou me fazendo passar por esse momento super embaraçoso rs. Lembro que quando isso aconteceu, estava com alguns colegas, e eles junto comigo, ficaram pensando em formas de justificar o porquê de eu estar ali, principalmente considerando que recebi uma ajuda de custo para poder ir pra esse evento.
No primeiro caso, eu tava fazendo outro curso, passei num processo seletivo e, de alguma forma (me descabelando), estava conseguindo gerenciar fazer os dois. Já no segundo caso, uma comissão com pessoas que não me conhecia, leram sobre as coisas que fiz por e para a comunidade e julgaram por bem me dar essa ajuda de custo para comparecer ao evento. Eu não precisava da validação do cara que me questionou, nem de ninguém. Eu sabia porque estava lá.
Por conta de questões e situações como essas, eu sempre omiti a minha formação (em Letras) e minha profissão. Sempre que ia dar uma palestra em um evento de tecnologia, colocava que era técnica nisso e naquilo, que tava fazendo faculdade de TI, mas nunca botava que era formada em Letras e que trabalhava como professora de inglês. Eu pensava que falar o que eu fazia (ser professora de inglês), que não era diretamente ligada à tecnologia ou programação, automaticamente me invalidava. Como se tudo que eu fizesse (profissionalmente) colocasse o que eu faço da comunidade no ralo por não estar diretamente ligado a desenvolvimento de software.
Com o tempo (e com a ajuda e visão de pessoas M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S da comunidade), pude abrir os meus próprios olhos e perceber que ser professora era uma das coisas mais importantes sobre mim e sobre a minha personalidade. O fato de ser professora meio que modela a minha visão sobre as coisas, e isso de certa forma enriquece a comunidade também. Não há nada o que omitir ou ter vergonha, só orgulho :)
Para quem você manda um pacotinho de biscoitos?
Eu mando biscoitos pros meus amigos (literalmente). Nessa quarentena virei biscoiteira e aprendi a fazer vários biscoitos diferentes: de queijo, de cebola, de maizena com leite condensado, cookies… e vou pegar um mix de todos esses biscoitos deliciosos e mandar pra minha amiga Clara. Conheci Clara em 2012, num evento de software livre aqui em Natal. Lembro de pensar: nossa, que mina foda! Queria ser amiga dela hihi. Um tempo depois, por conta da PyLadies, nos conhecemos. Nos últimos anos, nos tornamos bem mais próximas. Clara é uma das pessoas que mais me dá apoio, com quem compartilho angústias e fofocas também. Tenho amigas queridíssimas que a PyLadies me trouxe, mas acho que o fato de morarmos na mesma cidade (atualmente somos praticamente vizinhas!), estudarmos no mesmo instituto e termos um grupo de amigos em comum, acabou naturalmente nos aproximando. Todos os biscoitos, de todas as formas e sabores pra Clara, e também a minha gratidão por podermos compartilhar tanto juntas, dentro e fora da PyLadies <3
Ufa! Olha o tanto a se conhecer de Debs! E se você, jovem biscoiter quer acompanhá-la e também conhecer Clara saiba que neste humilde site fazemos de tudo.
Redes de Débora:
Redes de Clara:
Calma que tem o bônus track do pós créditos. Qual música Debs deixa aqui para a playlist #momentobiscoitos?
Eu fui ver as músicas das outras mulheres que passaram por aqui e vi que todas eram em Português. Mas desde que Dands me chamou, e me contou que teria uma pergunta sobre música, eu já sabia qual seria, mas ela é em Inglês kakaka. Será se pode ser ela? Eu adoro a letra e o refrão dessa música também: Woman, da Kesha
I’m a motherfucking woman, baby, alright I don’t need a man to be holding me too tight I’m a motherfucking woman, baby, that’s right I’m just having fun with my ladies here tonight I’m a motherfucker